Tenho ainda na casa dos meus pais, no distante distrito de Campo Grande, meus recortes sobre Arqueologia/Antropologia. No post que estou preparando sobre As Bibliotecas da Infância pretendo contar um pouco mais sobre esta pouco divulgada paixão que me levou, entre outras coisas, a estudar sumérios, etruscos, babilônicos, Gregos e toda uma turma pra lá de antes de Cristo, sobre o qual dediquei também algumas leituras principalmente sobre cristianismo primitivo, seitas judaicas do século I etc.
No entanto, este post não está aqui menos em função de malabarismo intelectual gratuito, que acho de supremo mal gosto, do que de uma rápida reflexão que ousei ao consultar a página da Antikythera na WikiPedia.
Ok, caçadores de esponjas em 1900 descobriram a apenas 42m de profundidade uma máquina que faz cálculos tão precisos quantos os computadores atuais. Em 1900, portanto, ela fazia coisas que nem as máquinas da época faziam. As hipóteses para sua origem não são muito claras, mas supõe-se que pode ter sido construída na academia criada pelo filósofo Posidonius, que trouxe ao mundo da época tecnologia suficiente para medir ciclos lunares, aparições de cometas e outros eventos astronômicos.
Aí, pensei...
Nós aqui nestes Mac´s e PC´s metidos a besta. Nós aqui em reuniões que não terminam nunca, em propostas para clientes, em prospects quenão retornam, em projetos que não terminam...em que revolucionamos nossa atividade?
Nós aqui, mesmo sem querer ser um mega-filósofo grego, em nossa reflexões acerca da vida. Nós aqui querendo ganhar tostões em nossos blogs, querendo anunciar vagas, querendo preencher lacunas no mercado, em que contribuímos para prever ecatombes mercadológicas?
Nós aqui travando diálogos intermináveis sobre questões vencidas, nós aqui vendendo lebre porque comemos o gato no churrasco de domingo, em que consolidamos uma linha de pensamento concreta e racional?
Nós aqui, vocês aí, isolados e tendo por interface textos onde o mundo ideal é a realidade fantástica que nos acolhe, em que progredimos?
Sei lá pessoal, é que às vezes tenho a impressão de que, em vez de criarmos algo que mesmo ficando 2 mil anos debaixo d´água surpreenderá quem o achar; nos preocupamos só em ter um snorkell para sair rapidamente deste mergulho.
Ou então todos nós não passamos de caçadores de esponja e me esqueceram de avisar.
Pé de página
Conheça o Antikythera Mechanism Research Project onde um grupo de cientistas está tentando reconstruir a máquina. Muito interessante.
